
Ser um estudante de música não é fácil. São horas e horas de muito estudo e ensaio. Muitas vezes passamos mais tempo com os colegas de bandas, coral e orquestra do que com a própria família ou amigos.
Abdicamos de sair a noite, beber gelado, de comer determinados alimentos e de ir a festas porque no outro dia temos estar dispostos para o espetáculo.
Estamos em permanente estado de música. Somos dedicados ao som.
Exige muita disciplina, paciência e dedicação consigo e com o outro. Exige também humildade em olhar para dentro de si e reconhecer que talvez ainda não esteja maduro o suficiente e trabalhar para que um dia esteja. Mas isso não é um problema, não…
Na verdade acredito que seja preciso encarar com mais leveza e brincarmos mais enquanto cantamos e tocamos. O contrário só nos trás medo, frustração e tensões e nós todos sabemos que com tensão os graves, médios e agudos não saem como gostaríamos pois é preciso estarmos também relaxados.
Mas lembre-se! Relaxado não é largado, não é qualquer coisa de qualquer jeito, é apenas sem-tensão.
Temos que estar atentos, no entanto, pois brincar também é coisa muito séria!
Se engana, porém, quem acredita que estudar música é só para músicos, ou pra quem tem o dom. Sabemos que não existe dom. O que existe é acesso, vivência e oportunidade. Algumas pessoas tiveram isso desde cedo e outras não.
A música, digo, o som é um direito. Se você quer ou não o se profissionalizar na área é uma outra história. Antes disso ela é tão importante quanto qualquer outro direito fundamental do ser humano. Não só a música, mas as artes em geral.
O que acontece é que não há vontade de investir o suficiente para que ela seja proporcionada a todas as pessoas. Seja qual for o espaço que promova um estudo/vivência que envolva música, este provavelmente vive a base de muita resistência de seus participantes.
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Eu, que depois dessa longa introdução e que já naveguei pelos mares de Dorival Caymmi, Paulinho da Viola venho, na verdade, fazer um convite. Diz respeito também ao amadurecimento e a saudade.
Existe essa escola de música da qual fiz parte, da qual me acolheu, me olhou e me cuidou. Mesmo com os conflitos, os embates, os debates e as divergências, me proporcionou vivências e experiências que entraram em meu corpo e me compõe hoje.
A Escola do Auditório Ibirapuera é uma escola localizada no subsolo do Auditório Ibirapuera e que oferece o estudo da música brasileira a uma parcela de estudantes da rede pública.
Este mês as principais formações da EAI se apresentam no projeto Música no Foyer e acredito que seja uma ótima oportunidade pra você não só ouvir música boa, mas ver a potência que é estar em contato com a música.
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//22 JUN 2018 | 21h
Chama Negra
Regência: Daniel Reginato
Coro da Escola do Auditório preparou este espetáculo que se dedicou a pesquisar e trabalhar o repertório de compositores negros da música popular brasileira. Entre eles Moacir Santos, Juçara Marça e Dona Ivone de Lara.
//23 JUN 2018 | 21h
Orquestra Brasileira do Auditório (OBA)
Regência: Edson José Alves
A OBA apresenta repertório que passeia pela música brasileira, de Pixinguinha, passando por Dorival Caymmi e Dominguinhos e Gilberto Gil.
Para saber mais sobre a Escola do Auditório do Ibirapuera, você pode acessar aqui!